O Cordeiro Pascal

Antes de Jesus ser crucificado, ele passou pelo flagelo romano, que era uma sessão de tortura extremamente cruel, com chibatadas dadas com chicotes que tinham pequenas bolas de chumbo e pedaços de ossos nas pontas, que dilacerava onde acertava.

Já a técnica da crucificação foi criada pelos assírios e os fenícios, porém, não se sabe qual dos dois usou o método primeiro. Quando o rei Ezequias ficou sabendo que Senaqueribe queria atacá-lo, isso o fez orar a Deus, apresentando diante do Senhor a carta que recebera do assírio (2 Crônicas 32). Ezequias sabia da crueldade dos assírios nos ataques, que além de crucificarem seus opositores também usava o método de empalação. Todavia, a crucificação foi aperfeiçoada pelos romanos.

O objetivo da crucificação era proporcionar ao condenado uma morte lenta e dolorida. O condenado poderia ficar na cruz por dias e morria por asfixia. Mas além de proporcionar uma morte lenta e dolorida, o objetivo da crucificação também tinha a função de trazer humilhação: o condenado era crucificado nu. Sei que é difícil de imaginar, mas tudo aponta que Jesus foi crucificado nu.

Jesus é apontado por João Batista como o Cordeiro de Deus (João 1:29). Mas porque Jesus é chamado assim? A primeira menção ao cordeiro sendo oferecido como sacrifício se encontra em Gênesis 22, quando Deus pede para Abraão entregar seu filho Isaque em sacrifício e Abraão diz que “Deus providenciará o cordeiro para o sacrifício” (v. 8). Depois foi instituído no êxodo, no tempo da última praga contra os egípcios que era a morte dos primogênitos, que os hebreus sacrificassem um cordeiro macho de um ano, sem defeito (Êxodo 12:5) e ficou instituída a Páscoa (Pessach) judaica. Tudo isso apontava para Cristo.

Quando Jesus, depois da ceia com os discípulos, foi para o Monte das Oliveiras, ele se encontrou no Getsêmani, que era um olival que ficava no meio do monte. Getsêmani significa “prensa do azeite”, pois o azeite é extraído da azeitona dessa forma, prensado. Lá Jesus fica em estado de aflição tão grande que é revelado que ele suou sangue (Lucas 22:44). O suar sangue, ou hematidrose, é produzido em condições excepcionais, sendo necessária uma fraqueza física acompanhada de um abatimento moral violento causado por um grande medo.

Jesus ora para que o cálice fosse afastado (Mateus 26:39). O que tinha nesse cálice que fez Jesus tremer? Seria a humilhação, ou o flagelo, ou a cruz? Não. Uma leitura atenta da Bíblia, descobriremos que o cálice é símbolo da ira de Deus (Isaías 51, Jeremias 25, Apocalipse 14). A ira justa de Deus seria derramada em seu Filho, como propiciação dos pecados e satisfação da justiça.

Quando lemos a história de Abraão e Isaque, com Deus falando para Abraão não sacrificar seu filho podemos pensar: que final bonito. Mas não era o final, era o intervalo. Dois mil anos depois, Deus tira o cutelo das mãos de Abraão e crava em seu Filho, seu único Filho para que ele pagasse o preço da salvação de muitos.

“Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo, fazendo-o sofrer. Quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos” (Isaías 53:10)

Naquela cruz, “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1 Coríntios 5:7). E quando ele bradou “está consumado”, houve trevas e o véu do templo de rasgou do alto a baixo (Mateus 27:51). A força veio de cima. O véu representava a presença escondida de Deus, onde apenas o sumo sacerdote poderia adentrar uma vez por ano para fazer expiação pelo pecado do povo e de seu próprio.

Agora, o véu foi rasgado e temos acesso ao Santo dos Santos, por um novo e vivo caminho que Jesus abriu por meio de sua carne (Hebreus 10:19,20). Não negligenciemos esse sacrifício, porque Jesus não virá para morrer novamente. Não há mais sacrifício para quem peca de propósito depois de ter conhecido a verdade e a Palavra diz que quem faz isso profana o sangue da aliança e insulta o Espírito da graça (Hebreus 10:26-28).

Guardemos firmes nossa confissão, sem vacilar. Animemos uns aos outros. Não deixemos de congregar. Façamos admoestações (Hebreus 10:23-25).

Jesus foi profetizado, ele nasceu. Ele disse que iria morrer, morreu. Ele disse que iria ressuscitar, ressuscitou. Ele disse que vai volta, e voltará! Maranata, ora vem Senhor Jesus!

Em Cristo,

GUSTAVO HOFT