Dependência de Deus

 

“Quem tenho eu no céu além de ti? E quem poderia eu querer na terra além de ti? Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre. Os que se afastam de ti certamente perecerão; tu destróis todos os que são infiéis para contigo. Quanto a mim, bom é estar perto de Deus; faço do Senhor Deus o meu refúgio, para proclamar todas as suas obras” (Salmos 73:28-28)

Neste salmo escrito por Asafe, o vemos em seu início confessando que quase se desviou dos caminhos de Deus por contemplar o bem-estar dos ímpios, enquanto ele que tentou ser fiel a Deus, estava sendo afligido (v. 14). Ele chega a dizer que seu coração ficou cheio de amargura e se portou como um animal sem entendimento (v. 21,22). Porém, nos versículos finais, vemos qual a conclusão dos pensamentos de Asafe e é sobre isso que quero discorrer agora.

“Quem tenho eu no céu além de ti? E quem poderia eu querer na terra além de ti?” (v. 25). Asafe reconhece que além de Deus não há ninguém a quem ele possa recorrer, nem no céu e nem na terra. Ele também declara em quem seu desejo está, que é o Senhor.

“Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (v. 26). Sua confiança e dependência de Deus era tanta que diz que mesmo que ele se desfaleça por completo, Deus ainda é sua fortaleza e herança. Deus te guarda, mas isso não quer dizer que você não passará por problemas tais que você possa desfalecer. A palavra usada pelo salmista para desfalecer é kâlâh que significa “estar no fim”, “estar terminado”, “ser destruído”. Mesmo assim, Deus é sua fortaleza e herança.

“Deus nunca prometeu uma viagem tranquila. Mas prometeu uma chegada certa” (Augustus Nicodemus).

“Os que se afastam de ti certamente perecerão; tu destróis todos os que são infiéis para contigo” (v. 27). Asafe descreve aqui aqueles que se afastam do Senhor, que não suportaram as lutas e não fizeram do Senhor sua fortaleza. Eles perecerão e serão destruídos por não terem sido fiéis à Deus. Embora eles possam se regozijar com riquezas aqui nesse mundo, no fim dos tempos, eles trocariam cada centavo gasto em seus prazeres para voltarem atrás, porém será tarde demais.

“Quanto a mim, bom é estar perto de Deus; faço do Senhor Deus o meu refúgio, para proclamar todas as suas obras” (v. 28). O salmista mais uma vez declara onde está o seu prazer e sua segurança. Ele anseia estar perto do Senhor porque ele sabe que mesmo que ele desfaleça em meio à guerra, ele tem para onde correr.

O próprio Jesus destaca nossa dependência ao afirmar que “sem mim nada podeis fazer” (João 15:5b). E ao declarar isso, Jesus quis dizer exatamente isso! Sem ele não podemos fazer nada. Às vezes me pergunto se somos analfabetos funcionais, ou seja, sabemos ler mas não sabemos interpretar... Por quê? Porque esse texto é autoexplicativo e parece que não entendemos. Quantas vezes tentamos (em vão) resolver as coisas do nosso jeito? Por que queremos ser independentes sendo que o ideal é sermos dependentes? Quantas vezes falamos que confiamos e que acreditamos que Deus é Todo-Poderoso, mas no primeiro sinal de problemas, queremos resolver do nosso jeito. Percebe a contradição?

Depender de Deus é descansar em Deus, é encontrar Nele um porto seguro, uma fortaleza para o nosso coração. Como Agostinho de Hipona declarou: “Desperta-nos para nos deleitarmos em Teu louvor, pois nos criaste para Ti, e nosso coração está inquieto, até que repouse em Ti”[1].

Nossa dependência no Senhor deve ser diária porque diariamente Ele derrama em nós sua misericórdia e graça.

Em Cristo,

Pb. Gustavo Hoft



[1] HIPONA, Agostinho de. Confissões de Santo Agostinho – Edição Luxo. Barueri: Garnier, 2023, p. 7.

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