Somos diferentes do povo do deserto?

Lendo a passagem de Números sobre os espias que foram espiar a terra prometida, algumas coisas me vieram à mente:

1 – Moisés os manda e pede para trazerem um relatório (Nm 13:17-20).

2 – Quando eles voltam, eles dão o relatório (Nm 13:27-29).

Até aí tudo bem, eles testificam que a terra emana leite e mel, os tipos de frutos que há nela, que o povo ali é poderoso etc. Aqui eles dão o relato do que viram. O problema está depois da fala de Calebe (v. 30) que estimula o povo a prosseguir, eles tentam desencorajar o povo (v. 31-33). Se eles tivessem apenas dado o relato, estaria tudo ok, mas não. Eles tentam desanimar o povo falando que não iriam conseguir, levando o povo a murmurar e colocam em cheque o poder de Deus e quererem destituir Moisés do cargo de líder para voltarem para o Egito (14:1-4). Mesmo com as advertências de Josué e Calebe, o povo se revolta e querem apedrejar ambos (v. 6-10). Eles querem tirar Moisés do cargo e querem apedrejar Josué e Calebe. O povo perdeu totalmente a noção da gravidade que estavam cometendo.

Deus os sentencia a vagarem pelo deserto por 40 anos para que aquela geração não entrasse na terra prometida por causa da incredulidade e os manda dar meia volta em direção ao mar Vermelho (14:25). Eles teriam que voltar de onde vieram. Teriam que retroceder ao invés de prosseguir.

Mas no dia seguinte, o povo resolve dar uma de bobo, simplesmente pedindo para Moisés para eles irem em direção à terra, mesmo Deus já ter dado a sentença (v. 40). Dizem que "reconhecem" que pecaram e que estão prontos para entrarem na terra que o Senhor prometera. Moisés os repreende na hora, dizendo para eles não desobedecerem a aquilo que o Senhor já havia decretado, mas eles teimam e o versículo 44 diz que eles arrogantemente desobedecem, ou seja, não haviam se arrependido verdadeiramente. Outra coisa que temos que compreender é que a desobediência também é uma forma de incredulidade. Deus nos manda fazer algo específico e não obedecemos significa que não cremos nas ordens do Senhor e isso é descrença.

E qual foi o resultado? Os amalequitas e o amorreus os derrotaram e os perseguiram. O que aprendemos com isso:

1 – Jamais devemos ter um espírito de incredulidade, mesmo diante de dificuldades reais. Que sejamos como Calebe que, ao invés de olhar para a situação, encoraja para prosseguir.

2 – Não devemos ser murmuradores, porque a murmuração é como um fogo que se espalha e nos faz voltar para o começo. A murmuração provoca retrocesso.

3 – Não devemos querer dar uma de bobo com Deus. O povo já havia ouvido o decreto do Senhor, mas resolveram fingir que nada tinha acontecido. Fingiram arrependimento e desobedeceram, mas o Senhor conhece o coração de cada um de nós.

4 – Que a arrogância esteja longe de nós. O povo foi arrogante e foram derrotados. A altivez sempre nos levará à derrota.

Criticamos muito o povo de Israel nessas passagens, mas quantas vezes agimos exatamente da mesma forma? Não acreditamos, murmuramos, queremos fingir que não sabemos que Deus já estabeleceu sua vontade na Palavra e queremos fazer do nosso jeito, revelando nossa arrogância. Não estamos tão longe dos israelitas como pensamos.

Deus tem uma vontade revelada para nós e temos que estar no centro dessa vontade que é boa, agradável e perfeita (Romanos 12:2). Que seu Espírito Santo nos capacite a isso.

Em Cristo,

GUSTAVO HOFT

Comentários

  1. Parabéns, Gustava. Texto maravilho e muito coerente. continue nos abençoando com textos como esse.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado pastor. Uma honra ter seu comentário aqui.

      Excluir

Postar um comentário