Arrependimento e o poder do perdão: Um estudo sobre o filho pródigo

 

Quando Jesus estava perto de publicanos e pecadores, alguns fariseus começaram a murmurar contra ele dizendo que ele recebia pecadores (v. 2). Então, Jesus, no capítulo 15 conta 3 parábolas para eles: a ovelha perdida, a dracma perdida e o filho pródigo. Essa parábola só consta no Evangelho de Lucas, assim como da dracma perdida. A ovelha perdida aparece em Mateus.

Então, vamos começar a partir do versículo11.

Jesus continuou: Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai, quero que o senhor me dê a parte dos bens que me cabe. E o pai repartiu os bens entre eles” v. 11,12 – Jesus começa a narrativa falando que certo homem tinha dois filhos. O mais novo pede sua parte da herança (v. 12). Agora gostaria que vocês pensassem comigo: um filho pedindo a herança de um pai vivo... Imaginem a angústia desse pai ao ouvir seu filho lhe dizer que para ele o pai estava morto. Podemos ver aqui também que muitas vezes, queremos as coisas antes do tempo correto, invertendo assim a ordem das coisas. Esse filho estava no lugar certo, mas seu coração não estava.

“Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá desperdiçou todos os seus bens, vivendo de forma desenfreada” v. 13 – Então esse filho vai para uma terra distante. Já reparou que quando queremos nos afastar de Deus, vamos longe demais? E quando queremos viver por conta própria, não sabemos administrar e perdemos tudo? Que quando gastamos de forma desenfreada, sem a orientação do Pai, logo desperdiçamos com coisas que não convém? Esse filho estava aonde queria, mas não onde deveria estar.

“Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade” v. 14 – Veio uma fome grande no lugar onde esse filho estava. Esse filho estava sem a proteção do pai. Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; cantem de júbilo para sempre, porque tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome. Pois tu, Senhor, abençoas o justo e, como escudo, o cercas da tua bondade” (Salmos 5:11,12). Nos momentos de adversidade, se estamos perto do Senhor, Ele nos livra e nos protege. O filho longe do pai estava desamparado e sentiu a crise.

“Então foi pedir trabalho a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a fim de cuidar dos porcos. Ali, ele desejava alimentar-se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada” v. 15,16 – Sua independência se tornou em dependência. Ele teve que pedir emprego para cuidar de porcos. Para o judeu, o porco é um animal imundo. Ele não apenas sentiu a crise chegar e o atingir, mas também se viu humilhado porque a lavagem que os porcos comiam parecia um banquete, e até isso lhe era negado. Sua ganância o levou a ruína. Não muito diferente de Esaú, não é mesmo? (Gênesis 25:29-34).

“Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui estou morrendo de fome! Vou me arrumar, voltar para o meu pai e lhe dizer: Pai, pequei contra Deus e diante do senhor; já não sou digno de ser chamado de seu filho; trate-me como um dos seus trabalhadores” v. 17-19 – O filho cai em si e se arrepende. Ele lembra que não precisa passar fome nem humilhação. Ele se lembra que até os empregados de seu pai comem pão todos os dias. Junto com o arrependimento ele tem a atitude de voltar e se humilhar ao pai, pedindo que pelo menos o tratasse como um de seus empregados. Ele estava disposto a não mais passar pelo que estava passando nem que para isso ele não fosse visto mais como filho. Ele viu que aquilo que o coração dele desejava o levou aonde ele não deveria estar e pagou um preço muito alto por isso.

“E, arrumando-se, foi para o seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou” v. 20 – Vemos aqui que o pai o avistou de longe. Perceberam que foi o pai que foi ao encontro do filho? É o pai que corre para abraçá-lo! A parte ofendida tomando a iniciativa, algo que é raro de se ver.

“E o filho lhe disse: Pai, pequei contra Deus e diante do senhor; já não sou digno de ser chamado de seu filho” v. 21 – O filho confessa seu pecado e acha que não é digno mais de ser filho. Percebam que o filho confessa que pecou, reconhecendo seu erro. O arrependimento sem confissão não é arrependimento verdadeiro. “Quem encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e abandona alcançará misericórdia” (Provérbios 28:13)

“O pai, porém, disse aos servos: Tragam depressa a melhor roupa e vistam nele. Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos pés. Tragam e matem o bezerro gordo. Vamos comer e festejar, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a festejar” v. 22-24 – E foi misericórdia que ele alcançou. O perdão foi conquistado e o direito de ser filho restituído. Para falar a verdade, esse direito nunca foi perdido. Por mais que ele andasse em terra distantes desperdiçando tudo com o pecado. As sandálias, a roupa e o anel falam de restituição, como que voltando dos mortos. O novilho cevado era guardado quando alguém muito importante visitava a casa: alguém influente como o rei. E houve festa! Nas duas outras parábolas também houve comemoração (v. 6 e 9).

“Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos empregados e perguntou o que era aquilo. E ele informou: O seu irmão voltou e, por tê-lo recuperado com saúde, o seu pai mandou matar o bezerro gordo. O filho mais velho se indignou e não queria entrar. Saindo, porém, o pai, procurava convencê-lo a entrar. Mas ele respondeu ao seu pai: Faz tantos anos que sirvo o senhor e nunca transgredi um mandamento seu. Mas o senhor nunca me deu um cabrito sequer para fazer uma festa com os meus amigos. Mas, quando veio esse seu filho, que sumiu com os bens do senhor, gastando tudo com prostitutas, o senhor mandou matar o bezerro gordo para ele!" v. 25-30 – Quantas vezes somos esse irmão mais velho, não é mesmo? Isso porque o orgulho não nos permite perdoar o erro alheio, embora vivemos implorando perdão pelos nossos pecados. No versículo 30 ele usa a expressão “esse seu filho”, significando que ele não o considerava mais como irmão, que era apenas um filho de seu pai. Reclamamos com Deus que abençoa aquele que estava desviado e retorna porque nos sentimos injustiçados que estamos trabalhando na seara do Senhor e parece que Deus não nos dá as mesmas bençãos.

“Então o pai respondeu: Meu filho, você está sempre comigo; tudo o que eu tenho é seu” v. 31 – Não percebemos que aquilo que é do pai já é nosso. Se dá a entender que o filho mais velho estava, como diz o ditado popular, "comendo bronha". “Peçam e lhes será dado; busquem e acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, a porta será aberta” (Mateus 7:7,8). Estamos tão ocupados que nem percebemos...

“Mas era preciso festejar e alegrar-se, porque este seu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” v. 32 – O pai dá a mesma satisfação para o filho mais velho que deu para os empregados (v. 24), mas com uma diferença. O irmão mais velho não considera o caçula mais como irmão e o pai usa o termo “este seu irmão”, fazendo assim a restituição completa. É como pai dizendo: “Ele não é apenas meu filho, é seu irmão!”.

Conclusão:

O filho perdeu tudo, menos o pai. Aos olhos do pai, ele nunca deixou de ser filho, mesmo esse tendo dado ele como morto quando pediu sua parte da herança. O filho volta na esperança de ser recebido como um dos serviçais, mas o pai o surpreende. “Porque os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos”, diz o Senhor. “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês” (Isaías 55:8,9).

“Eu é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês, diz o Senhor. São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança. Então vocês me invocarão, se aproximarão de mim em oração, e eu os ouvirei. Vocês me buscarão e me acharão quando me buscarem de todo o coração” (Jeremias 29:11-13).

O arrependimento liberou sobre o filho um perdão restaurador e poderoso. O pai sempre esteve disposto a lhe perdoar. Que tenhamos essa convicção de que o Pai nunca nos abandona, porém, temos que ser rápidos para nos arrependermos.

Se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar a si mesmo” (2 Timóteo 2:13).

Em Cristo,

GUSTAVO HOFT

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