O problema da mornidão espiritual

 

“Ao anjo da igreja em Laodiceia escreva: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus. Conheço as obras que você realiza, que você não é nem frio nem quente. Quem dera você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, e não é nem quente nem frio, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: Sou rico, estou bem de vida e não preciso de nada. Mas você não sabe que é infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho que você compre de mim ouro refinado pelo fogo, para que você seja, de fato, rico. Compre vestes brancas para se vestir, a fim de que a vergonha de sua nudez não fique evidente, e colírio para ungir os olhos, a fim de que você possa ver. Eu repreendo e disciplino aqueles que amo. Portanto, seja zeloso e arrependa-se. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, darei o direito de sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com o meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 3:14-22).

Não há nada mais perigoso para o cristão do que viver em mornidão espiritual. A mornidão nos traz a falsa segurança de que estamos bem, que não há nada de errado conosco e que estamos no centro da vontade de Deus. Ficamos confortáveis achando que tudo está tranquilo e favorável.

Essa falsa impressão se dá ao nosso coração: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações” (Jeremias 17:9,10). Ficamos presos aos sentidos do nosso corpo que acaba nos enganando.

A igreja de Laodiceia já dava os sintomas de mornidão, que são descritos no versículo 17: “Você diz: Sou rico, estou bem de vida e não preciso de nada.’ Mas você não sabe que é infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. Simplesmente achamos que não precisamos de nada. Mas Deus, que é a testemunha fiel e verdadeira (v. 14), que esquadrinha o coração e prova os pensamentos (Jr 17:10) sabe o que realmente está passando dentro de cada um de nós.

Quero entrar na questão histórica e geográfica da região da Laodiceia que é descrita no versículo 18, na qual Jesus usa dessa linguagem para a mensagem ficar clara para as pessoas daquela região. Laodiceia era famosa por causa de sua lã negra, de fina qualidade. O comércio e produção têxtil era fonte de grande lucro para eles. Eles também eram famosos pela produção do pó frígio, um remédio para os olhos que se tornou popular entre os gregos.

Além do mais, Laodiceia ficava no meio entre Hierápolis e Colossos. Hierápolis era famosa por suas fontes de águas quentes, que serviam de tratamento para várias doenças como reumatismo, doenças ósseas etc. Já Colossos era famosa por suas fontes de águas frias que desciam das montanhas e eram altamente potáveis e boas para se beber. Já Laodiceia tinha suas águas mornas porque não tinha abastecimento de água próprio. A água precisava ser canalizada de duas fontes: ou das frias montanhas de Colossos ou das terapêuticas fontes de águas quentes de Hierápolis.

A água morna é boa para relaxar. Quando você chega de um dia exaustivo, você toma um banho morno e consegue relaxar toda tensão. Isso nos esclarece algo: quando estamos mornos, estamos relaxados espiritualmente.

Ela achava que estava rica e abastada, mas na verdade estava miserável, pobre e infeliz. Se gloriava de sua produção têxtil, mas estava nua. Se gloriava de seu remédio para os olhos, mas estava cega.

Jesus aponta o erro dessa igreja, mas também dá a solução no versículo 18: “Aconselho que você compre de mim ouro refinado pelo fogo, para que você seja, de fato, rico. Compre vestes brancas para se vestir, a fim de que a vergonha de sua nudez não fique evidente, e colírio para ungir os olhos, a fim de que você possa ver”. O que me faz lembrar a passagem de Isaías: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Isaías 55:1).

Comprar de Jesus é adquirir de graça, sem preço. Ele estende a mão para ajudar porque Ele nos ama e nos chama ao arrependimento. “Eu repreendo e disciplino aqueles que amo. Portanto, seja zeloso e arrependa-se” (v. 19).

Não importa o que tentamos mostrar exteriormente, é o que está dentro que importa. A igreja de Sardes, outro exemplo, tinha a fama de estar viva, mas estava morta: “Conheço as obras que você realiza, que você tem fama de estar vivo, mas está morto” (v. 1b). Já a igreja de Esmirna era conhecida por ser pobre, mas aos olhos de Deus ela era rica: “Conheço a tribulação pela qual você está passando, a sua pobreza — embora você seja rico” (2:9a).

Jamais permaneça satisfeito com o seu estado espiritual, pois a autossatisfação pode ser claramente um sinal de mornidão e relaxo espiritual. Além do perigo de alimentar a soberba e a altivez espiritual.

“O contentamento consigo mesmo é a morte do arrependimento” (Charles Spurgeon).

E Jesus finaliza com uma promessa para aqueles que ouvem seus conselhos e se arrependem: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, darei o direito de sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com o meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (v. 20-22).

Que possamos ouvir a voz do Senhor nos chamando ao arrependimento e nos despertando da mornidão espiritual.

 Em Cristo,

Pb. Gustavo Hoft

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